Cinema: O Voo - Crítica

               Por Eduardo Brunetto (@DuBrunetto) 

                As cenas da queda do avião e das habilidades do capitão Whitaker em salvar dezenas de pessoas prendem a atenção, mas não tanto quanto o desenvolvimento da história após tudo isso, onde acompanhamos as mentiras e bebedeiras de Whip.

               Dirigido por Robert Zemeckis, “O Voo” (Flight) fixa sua história no pós-queda de um avião fadado a cair que foi pilotado por Whitaker (Denzel Washington) que consegue pousar forçadamente e salvar dezenas de tripulantes, porém, este mesmo piloto estava sob o efeito de álcool e cocaína durante o voo. Uma terrível ironia, pois o herói que salvou as dezenas de pessoas já citadas seria acusado da morte de quatro que faleceram durante a queda. E na única vez que suas bebedeiras não comprometem em sua vida, ele tem que pagar por ela.

               Durante todo o filme certa tensão toma conta do espectador que acompanha a inversão de valores de Whip que não se diz um alcoólatra, mas perdeu sua mulher e filho por causa da bebida, poderá perder sua permissão para voar e se mantém o filme inteiro na corda bamba.

               Parte desta emoção e profundidade do personagem é mérito de Denzel Washington que consegue retratar a dúvida do protagonista a respeito da sua balança do que é certo ou errado e da sua consciência, ou falta dela, de mentir para si mesmo. E a outra parte é do roteiro que mesmo não sendo instável consegue dar novos ânimos em cada esquina e te deixa em sérias duvidas sobre o próximo passo, torto de tão bêbado, que o capitão irá dar.

               O Voo conta com um final divisor de opiniões, que por alguns pode ser considerado “arregão” onde se prefere dar um passo para trás e ficar numa lição, ou, pode ser visto como o basta, e a decida de Whip da corda bamba para o chão firme.