Por Eduardo Brunetto
Uma obra de extrema densidade e
imersão baseada no livro “A vida de Pi”, o filme “As aventuras de Pi” ( The
life of Pi) te joga para dentro de uma trama de sobrevivência e religiosidade.
O diretor Ang lee, que já
trabalhou anteriormente em Hulk (2003), e “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005),
tinha o desafio de passar para as telonas o romance de Yann Martel onde um
garoto indiano, Pi (Saruj Sharma), adepto de 4 religiões que foi vitima de um naufrágio e acaba em um bote salva vidas com uma zebra, uma hiena, um orangotango
e um tigre. E com uma fotografia expressivamente bela e diferente do que se vê
atualmente, Lee cumpriu sua tarefa com excelência.
Primeiramente uma introdução da
vida e crenças de Pi são feitas para se compreender o personagem, suas crenças
e sua forma de vida que influenciará muito durante os vários dias que fica
naufragado em alto mar. Mas o ponto alto do filme é após o naufrágio do navio,
onde Pi esbarra com um tigre, um predador, ao qual ele teme, mas aprende a
conviver.
Sua relação com o tigre é muito
bem explorada, afinal sozinho sem nada nem ninguém por perto, ele é o único com
quem Pi pode interagir. E assistir todo aquele medo se transformando em
cumplicidade dentro de todo aquele cenário de abandono é extremamente imersivo
que algumas vezes você se pega questionando seus dogmas mais antigos e olhando
de novo de uma forma diferente para algumas questões, se colocando no lugar de
Pi, enfrentando com ele sua jornada, mas de uma forma muito particular.
Tudo isso é mérito do trabalho de
Ang Lee, que com sua experiência e versatilidade conseguiu transformar 90
minutos de interação de um garoto com um tigre selvagem em um filme que não te
deixa desviar a atenção. É claro que o filme não consegue se aprofundar como o
livro em certas questões como sua mensagem final, o que merece ser lembrado,
pois um pouco de toda aquela experiência se perde com um final um pouco desmotivante.
Mas mesmo assim o filme alcança as expectativas e trás uma forte experiência para
quem assiste, fazendo-nos enfrentar junto com Pi seu tigre, e os nossos próprios.
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