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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Cinema: A Hora mais escura - Crítica.


Não apenas relatar a guerra, mas a partir de uma trama relacionada a isso levantar questionamentos a respeito. Fazer o espectador analisar tudo por outro ponto, colocá-lo dentro do enredo em si. Nos seus dois últimos filmes, Guerra ao Terror (The Hurt Locker) e o mais recente A Hora mais escura (Zero Dark Thirty), Kathryn Bigelow faz exatamente isso.
Com um fundo preto e vozes de pessoas que morreram no ataque de 11 de setembro o filme começa e já denuncia qual será o seu tom. E ele realmente o mantém. Um dos maiores pontos fortes deste filme é conseguir manter a tensão dentro de um enredo, de certa forma, político e investigativo durante toda a sua duração. Bigelow usa de diversos recursos para isso. Uma introdução de tema diferenciado por exemplo, começando o filme já mostrando a dura realidade dos interrogatórios a suspeitos de terrorismo contrastando com uma mulher, agente da CIA enviada ao Afeganistão, que assiste a “tortura” e depois passa a “praticá-la”. As aspas são importantes, pois estas cenas de “tortura” não são de torturas de fato, esse não é o foco do filme, essas cenas estão ali apenas mostrar uma realidade, elas existiam, e retratá-las é necessário.
Dando este foco inicial, acompanhamos a agente Maya (Jessica Chastain) e a sua nova jornada no Afeganistão. Algo realmente interessante analisar o contraste entre ela e o ambiente hostil em que se encontra e tudo mais, e então, o filme desagua na sua trama principal, contar como foi a investigação que levou a morte de Osama Bin Laden.
Mesmo sabendo do final passamos o filme inteiro com perguntas, e ainda sim, tensos. A forma de retratação de certa forma mais humana dessa guerra contra o terrorismo é, de fato, o que causa tudo isso. Mostrando a parte humana que há em um fato histórico como esses e a pressão em cima todos os que estavam envolvidos provoca toda uma identificação com o espectador, pois você se coloca no lugar daquelas pessoas. E ai entra a atuação de Chastain que, com uma naturalidade surpreendente consegue passar tudo isso.  


Um tema que gerou multimidiáticas representações tem nas mãos de Bigelow uma cara mais humana e mais baseada na realidade. Onde, como o soldado que matou Bin Laden, demoramos a perceber que a história estava sendo escrita nos atos que ocorreram ali. 

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