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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Um pouco sobre música


   

Por Gabriel Fiedler (@_pardau_)


     É uma das obras mais densas que conheço. Definitivamente The Wall é um álbum complicado de se escrever uma crítica ou interpretação. Possui inspiração filosófica do livro de George Orwell, “A Revolução dos Bichos” – que também influenciou o álbum Animals – e abusa de metáforas e simbolismos. The Wall foi escrito e composto principalmente por Roger Waters e aborda temas como depressão, isolamento e revolta.
     Após o Animals, Waters, ainda inspirado no livro de Gerorge Orwell, continua sua crítica ao caráter das pessoas, mas no The Wall, isso é retratado sob uma temática mais social. O álbum conta com abstrações que Waters fez ao longo de sua vida – com seus problemas pessoais -, misturando com a criação de um personagem: Pink Floyd, que abre mais opções para o aprofundamento das letras e do filme (lançado em 1982, três anos após o lançamento do disco).
     Um dos temas de The Wall é a guerra. Já na 1ª música, “In The Flesh?”, a letra retrata a morte do pai de Floyd na 2º Guerra Mundial – o pai de Waters também morreu na guerra -, e isso teve um imenso peso no desenvolvimento do personagem (como no filme, onde Pink Floyd, sem pai, observava as outras crianças brincando no parque com seus pais) resultando numa mãe superprotetora, retratada na música “Mother”, onde a letra mostra algumas frases já conhecidas por todas as mães, como: "Você será sempre um bebê para mim". Também é possível notar o relacionamento entre homem e mulher em The Wall – no filme é mostrado isso na parte das flores brigando -, e até a traição, feita pela mulher de Floyd.
     Cada problema na vida do personagem é mais um tijolo, e o acúmulo deles gera um isolamento dele da sociedade, retratado pelo muro. Em algumas músicas, Floyd entra em profundos momentos de reflexão, que resultam na retirada de todos seus pelos do corpo, como mostrado no filme.
     Porém, Floyd se dá conta que foram os problemas de sua vida que levaram ele a se isolar, e então, quando o muro já estava completo, ele tem o desejo de derrubá-lo. E durante seu julgamento, em “The Trial”, a sociedade, mesmo não se importando com os problemas do personagem, decide que ele não pode mais ser uma pessoa isolada. Então, o muro que ele mesmo criou é derrubado.
     Mais que um álbum, The Wall é um espetáculo, uma trama que vai se desenrolando em cada música. E fundindo-se o disco com o filme, é formada uma obra de arte completa. Durante a turnê “The Wall”, Roger Waters (em carreira solo) procura juntar imagens do filme, com encenação teatral e música, fazendo shows diferentes, considerados por muitos fãs, o maior espetáculo já visto.
     Visto pela parte instrumental, The Wall conta com o uso de sintetizadores, pianos, efeitos, gritos, diálogos, agradando muito os fãs mais detalhistas. Possui uma sonoridade pesada, e ao mesmo tempo, limpa e melódica, com os geniais solos de David Gilmour, um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Também possui uma sonoridade progressiva e psicodélica, já que o Pink Floyd foi uma das bandas precursoras dos gêneros, mas ela não se mostra tão expressiva quanto em outros álbuns, como “Meddle”, “The Dark Side Of The Moon” e “Animals”.
     Enfim, The Wall é um álbum que têm de ser ouvido por qualquer fã de Floyd, sendo considerado um dos duplas com maior volume de vendas da história, e uma das maiores obras da banda. The Wall não é apenas um disco, mas um retrato do mundo numa época difícil, e deixou para muitos um legado de protesto contra a sociedade.

14 comentários:

  1. Não saiba dessa inspiração no livro. Sempre quis ler A Revolução dos Bichos agora eu TENHO que ler! KK, album muito foda!

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    1. tbm não li, mas se inspirou até o Floyd não deve ser coisa ruim né kkk

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  2. Adorei a análise, aproveito a brecha para saber se posso pedir uma análise do The Dark Side of The Moon... Não que eu esteja pedindo, né, mas, só acho que seria massa HAHAHAHAHAH
    Estou adorando o desenvolvimento do site e quero ver ele crescendo cada vez mais :D :D

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  3. muito boa a critica pardau! fazer uma análise do filme/album the wall nao e para qualquer um! esse album marcou a minha vida, todas as mensagens, e sensações transitadas por ele sao inexplicáveis.. o show do Roger Waters no Morumbi foi algo muito importante para mim... otima critica !

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    1. imagino cara, é realmente um espetáculo ... valeu ae mano!!

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  4. Album mais famoso? Eu acho que é o The Dark Side of The Moon.

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    1. Tem razão... com "apenas" 20 milhões de cópias de diferença o The Dark Side é o mais vendido, o The Wall é o segundo... desculpa a errada aí

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  5. foi o show mais doido que fui na minha vida, dificilmente irei em outro tão marcante. The Wall, porto alegre, março de 2012.

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  6. Ótima análise. Há tempos atrás fiz uma também. Fica a dica, a quem se interessar: http://mente-eletrica.blogspot.com.br/2011/02/wall-um-filme-uma-obra-de-arte.html

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    1. Ficou muito boa, mais aprofundada na história... ótimas explicações.

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  7. Tudo que vem do Pink Floyd só pode ser cultural.
    Gostei da análise e como já pediram aqui, The Dark Side of the Moon também merece uma análise como esta.

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    1. Com certeza!! Farei a análise do The Dark Side o quanto antes, e muito obrigado pelo elogio!

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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