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domingo, 20 de janeiro de 2013

Cinema: Amor - Crítica

Por Eduardo Brunetto (@DuBrunetto)


Amor (Amour), de Michael Haneke, tem apenas um objetivo. Chocar. Com um cenário estático, e uma atuação mais que surpreendente de Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, ele realmente o faz.

            O filme conta a história de um casal de idosos, companheiros, que passam uma imensa cumplicidade entre si que apenas muitos anos de convivência geraria. É então que a Anne (Emmanuelle Riva) sofre um derrame e seu marido Georges (Trintignant) passa a tomar conta dela em sua casa, a partir daí uma longa, difícil e agonizante jornada é feita até o final. Tudo ocorrendo dentro do apartamento dos dois. Mas o casal não perde toda aquela amizade de principio e o filme mostra, como já diz o nome, o que é um amor de verdade.

            Assistir o longa é um duro golpe. Mas um golpe que leva a uma profunda reflexão. O que este filme tem de diferente dos dramas convencionais é que ele não mostra casos isolados de pessoas que sofreram por catástrofes, ou de doenças aterrorizantes, ele apenas mostra o ciclo natural da vida. O envelhecimento e a morte. Algo que todos nós passaremos mostrado de uma forma dura, porém nada mais que a pura verdade.

            Muitas pessoas dizem que o filme é ofensivo e que apenas agride, sem pretensões, o espectador, desrespeitando quem já passou pela situação da morte de algum ente querido. Sinto muito, mas descordo que a forma de como isso foi abordado seja ofensiva ou humilhante. A morte é algo triste, e não tem pena de ninguém. Este filme apenas nos lembra disso. E parece mostrar, quando Anne pede para rever um álbum de fotos, que quando se está nos últimos momentos, a vida parece apenas uma triste lembrança, que deixa apenas saudades. E como ela mesmo diz, é muito bela.


            Apesar do soco na cara da sua dignidade que este filme dá, ele realmente te leva a pensar na vida, e te lembra que um dia, de uma forma ou de outra, ela irá acabar.

2 comentários:

  1. Brilhante crítica. Por vezes acho mesmo que o amor humano pelo seu próximo só se é exposto com a proximidade da morte ou quando ela vem. Por que não "amar as pessoas como se não houvesse amanhã?"
















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    1. Valeu cara! Concordo plenamente, e neste filme vemos muito disso tudo!

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